domingo, junho 03, 2012

O cigarro

O cigarro é um dos vícios mais gostosos e mais difíceis de tirar do cérebro. Existe uma escala de 1 a 10 de nível de dependência e o cigarro está lá pelo grau 8. Parar de fumar é um esforço sobre-humano que nos exigimos. Na maioria das vezes, só faz com q o fumante se sinta frustado, aniquilado, por não conseguir. Vou contar a minha experiência, pode ser q ela ajude algumas pessoas.

 A 1ª vez q parei de fumar foi instantânea, e consegui ficar sem ele sentindo-me maravilhosamente bem. Foi quando eu "desconfiei" que estava grávida, com apenas 10 dias, antes mesmo da confirmação do teste de farmácia e depois do de sangue, de laboratório.

 Sempre pensei que foi pq a motivação foi muito grande, e ralmente foi enorme! Mas, na minha opinião, é porque o cérebro da grávida e da mulher que amamenta é bombardeado por hormônios. Eu me sentia em "estado de graça", oxitocina pura! Ah, como eu gostaria hoje de ter comprimidinhos diários de oxitocina. Ou oxitocina na veia! Deve ser esse hormônio, suponho.

Bem, passaram-se 2 anos e eu comecei a ter umas aulas particulares de "cobol" com um amigo que fumava, para assumir um emprego que eu concorri na seleção e passei. Um trago aqui, outro mais tarde, e pronto: voltei a fumar essa delícia!

Depois de muitos anos fumando novamente, tentei parar de fumar várias vezes, sem sucesso. Até que um dia, meu cardiologista mostrou-me um programa da Pfizer. Resolvi tentar e... no 12º dia do remédio, olhei para o meu cinzeiro cheio de guimbas enoooooooooormes, e... pensei: eu estava acendendo cigarros e não fumando, não tinha vontade de fumar! Dava um trago e apagava, achava igual a papel, ruim.

  Continuei a tomar os remédios até o fim da fase do programa, mas nem precisei da fase de reforço, que é para aquelas pessoas que têm recaídas. Esse remédio age no sistema nervoso central e precisa de acompanhamento médico para realizar o programa. Ele não deixa a nicotina fazer as ligação necessária para o prazer no cérebro, por isso ele é eficaz. Essas bobagens de gicletes, adesivos, etc, só fazem substituir a forma como a nicotina entra no cérebro, por isso não funcionam, ou, se funcionar, o mérito é do cara que teve uma força de vontade maior do que a necessidade da nicotina em seu cérebro.

Não fumo mais, e nem me incomodo com o cheiro ou fumaça de cigarro. E nem fico enxendo o saco dos fumantes, porque considero isso uma maldade, é desumano. Depois que a sociedade faz o cara pensar que isso é "bacana" e ter sido bombardeado com propagandas para reforçar essa idéia, ele se vicia e depois não consegue parar. Eu cresci vendo meu ídolo maior, meu pai maravilhoso, lindo de morrer, inteligentíssimo, espirituoso, o cara mais carismático por onde ele passou, fato reconhecido por todo mundo que o conheceu, fumar cigarros, cachimbos, charutos, e vendo minha mãe acompanhá-lo, então comecei a dar uns tragos em seu próprio cigarro, assim como bebericava em seu copo whisky, cerveja, etc. Aos 13 anos, já fumava "escondido" com a turma da esquina e nos porões do Instituto de Educação na hora de intervalos de aulas. Adolescente adora fazer coisas escondido, isso é o normal. Aos 18 passei a comprar meus próprios maços e a fumar abertamente, eu era bacana, igual aos meus amigos bacanas. Na vida profissional, na faculdade, em todo lugar.

Tirar esse vício bacana, tão gostoso e de tamanho poder químico sobre o cérebro é quase impossível. Se for só na base da força de vontade, o cara é um super-homem!

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