terça-feira, fevereiro 01, 2011

Sobre o Diafragma

Tenho 55 anos e estou na menopausa, sentindo uns calores horrorosos! Com esse aquecimento global, eu estou me extinguindo...
Li esse depoimento sobre o diafragma e resolvi deixar aqui o meu.
Aos 20 anos comecei a tomar pípulas, naquele tempo, uma de baixa dosagem q se chamava Microvlar, ou algo assim. Uns 3 ou 4 meses depois comeci a ter muita dor de cabeça (naquele tempo eu não tinha nada, nadinha, de mal estar!) e tive uma hemorragia de mais de 20 dias. Minha ginecologista (a mesma por 42 anos, - grande médica!) estava viajando e quem me atendeu foi o marido dela, obstetra também. Ele mandou-me parar com o anticoncepcional imeditamente e, depois que eu disse q gostaria de usar o diu, ele começou a me explicar os vários tipos do dispositivo. Após a escolha do tipo, coloquei o diu e, alguns dias depois,  tive hemorragia de novo...
Bom, agora só me restava experimentar o diafragma, q não foi a minha primeira opção porque  ele não tem a mesma segurança de quase 100% dos 2 outros métodos.
Foi uma revelação para mim! Como era prático e saudável! O médico, aquele mesmo, marido de minha médica, q ainda estava de férias, me disse q eu poderia ficar com ele mais de 8 horas, se necessário. Eu perguntei: "quanto tempo, um dia inteiro?" "Sim, pode, até mais." "Quanto mais, 2 dias?" " Pode, mas não deixa passar de 3 dias pra tirar, lavar e recolocar."
(Eu já estava preocupada com alguma maratona q pudesse acontecer...)
Bem, com essa resposta, eu assumi pra mim mesma que, transando ou não transando, eu passaria a usar o diafragma constantemente, pois eu não sabia a q horas poderia ocorrer uma necessidade. E eu detesto 2 coisas: programar sexo, ou estar despreparada para o sexo.
Assim, desde então, passei a usar o diafragma diariamente, retirando de 3 em 3 dias pra lavar, passar o gel espermicida (q era importado), e colocá-lo de novo. Depois de colocado, eu conferia com o dedo médio se o colo do útero estava atrás do diafragma, para me certificar q ele estava no lugar.
O gel era para dar uma aumentada na eficácia do método anticoncepcional, já que eu não queria filhos de maneira alguma, pois meu ex-marido não queria prole. Meu ciclo era regular e muito comprido, de 32 a 34 dias, e eu só deixava de usar o diafragma quando eu estava pra menstruar, e então ficava uns 10 dias sem, porque minha menstruação era muito longa. Nesse período, o diafragma ficava guardado em sua caixinha, depois de lavado, seco e polvilhado com talco.
O uso do diafragma é muito higiênico e, mesmo eu tirando-o de 3 em 3 dias, ele saia cheirosinho de dentro de minha vagina, pois o nosso útero é muito limpinho. Nele não entra nada (bem, só esperma...), nem uma bacteriazinha, portanto, não dá cheiro. Caso eu tivesse passado gel anterormente, saía um pouquinho desse gel meio coaguladinho, mas limpo. Sabe o cheiro q tem? De bico de borracha de neném novinho, com aquele cheirinho de boca limpinha!... Até parece q o meu diafragma era de borracha mesmo, e não de silicone com os de hoje, que li no depoimento da Ana. Era bege como a borracha dos bicos antigos.
Para retirar o diafragma, eu tinha um jeito diferente da Ana: eu enfiava o dedo médio entre ele e o osso que temos no púbis, virava a mão, e o puxava usando o dedo como gancho.
Num certo período, foi proibida a importação desse gel, com a alegação careta e idiota de que ele era "abortivo"! Passei a usar, receitada por minha médica, uma pomada espermicida manipulada pela Drogaria Araújo, q era vendida como "lubrificante" ou "antisséptica", sei lá, nem me lembro...
E também aprendi com ela a usar vinagre na higiene íntima como método espermicida, remédio antigo que minha avó me ensinou para evitar fungos, coceiras, infecções e outras coisas... Aliás, até hoje eu mantenho um frasquinho com vinagre de maçã dentro do box, e ensino pra muitas mulheres esse macetinho.
Bom, o gel americano voltou a ser importado e eu voltei a usá-lo.
Um dia, no 11º dia do ciclo, no final da menstruação, no dia 11 de fevereiro de 1980, transamos. Eu fiquei com a pulga atás da orelha, por isso eu guardei o dia, mas mesmo assim racionalmente eu dizia pra mim mesma q quem tem ciclo regular de 32 a 34 dias NUNCA ovula no 11º dia do ciclo.
Mas naquela primeira semana, irracionalmente, eu pensava em gravidez o tempo TODO! Na segunda semana, achei que meu mamá tinha inchado. Na terceira já estava agoniada e pedi o nome do teste de farmácia pra minha prima médica. Minha prima disse q o teste não funciona com menos de sei lá quantos dias. Comprei o teste na farmácia e fiquei aguardando o dia D de fazer o teste do xixi. O dia chegou, e o teste deu positivo! Minha prima disse q esses testes não eram muito confiáveis e me deu um pedido de exame de sangue, mas eu tinha q esperar por mais tantos dias para ir ao laboratório tirar o sangue pro teste.
Esperei e fui e depois fui buscar o resultado. Que dias de nervosismo! E deu positivo! E tive receio de contar pro ex-marido!
Mas... ele ADOROU a idéia! Meu único filho, não esperado, escapulido, foi muito bem esperado, muito bem recebido e muito bem amado!
Depois, voltei a usar o mesmo diafragma, separei-me, tive muitos namorados, e continuei com o mesmo diafragma por 10 anos.
Um dia, no banho, ao tirá-lo no habitual 3º dia, vejo um pontinho nele.
Puxei com a mão e o pontinho aumentou: era um FURO!
Apavorei!
O diafragma tinha (não sei os de hoje) uns 10 anos de vida útil.
 COMO eu podia ter me esquecido disso?
Imagina o meu sufoco!
Mas, dessa vez, nada escapuliu...
Decidi ligar as trompas. Disse à minha médica q se ela não o fizesse eu iria em outro médico. Ela pediu 3 dias pra pensar e, no dia seguinte mesmo, já tinha decidido me apoiar. Ela disse: "e se você se casar de novo?" Eu respondi: "e daí?" Afinal, eu já estava com 30 anos, já tinha um filho, e não queria nenhum mais.
 E eu acho que a decisão de querer ter filhos é de um casal, mas a decisão de não querer tê-los é individual.
Mas isso é uma outra história.

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