sexta-feira, fevereiro 11, 2011

Caí do mundo - E a conversa rendeu...

Em 10 de fevereiro de 2011 22:16, A escreveu:


Prima querida,
Ainda vou ler um livro escrito por você heheheheheh
Adoro !!!!! Vibro com o que vc escreve !!!!
Beijos


Querida A,

A sua torcida me leva às alturas!

Não sei porque quando escrevo algo q penso, me dá vontade de mandar pra vc...
Deve ser a mesma vontade que tia Z tem de mostrar pra gente ler o q ela escreve.
Acho q escrever deve andar juntinho com ler.

Mas R não gostou. Vou encaminhar pra vc nossa troca de e-mails.

Vc está viajando, ou viajou?
Li no feicebuque a Vera te perguntando se já tinha chegado.

Com saudades,
um abraço bem gostoso
da Nina


---------- Mensagem encaminhada ----------
De: R

Ei Nina,
recebí esse texto pela nossa prima. É uma outra postura sobre o assunto q vc escreveu e embora a gente sempre guarde algumas coisas como recordação acho q se guardarmos quase tudo ficaremos quase sem movimento criativo, pesados demais, travados demais, sem energia demais. E o pior, QUEM VAI LIMPAR?????? bj

"DESTRALHE-SE"

-"-Bom dia, como tá a alegria"? Diz dona Francisca, minha faxineira rezadeira, que acaba de chegar.
-Antes de dar uma benzida na casa, deixa eu te dar um abraço que preste!" e ela me apertou.

Na matemática de dona Francisca, "quatro abraços por dia dão para sobreviver; oito ajudam a nos manter vivos; 12 fazem a vida prosperar".
Falando nisso, "vida nenhuma prospera se estiver pesada e intoxicada".

Já ouviu falar em toxinas da casa? Pois são:
- objetos que você não usa,
- roupas que você não gosta ou não usa a um ano,
- coisas feias,
- coisas quebradas, lascadas ou rachadas
- velhas cartas, bilhetes,
- plantas mortas ou doentes,
- recibos/jornais/revistas, antigos,
- remédios vencidos,
- meias velhas, furadas,
- sapatos estragados...

Ufa, que peso! "O que está fora está dentro e isso afeta a saúde", aprendi com dona Francisca.

- "Saúde é o que interessa. 
O resto não tem pressa"!, ela diz, enquanto me ajuda a “destralhar”, ou liberar as tralhas da casa...

O 'destralhamento' é a  forma  mais rápida de transformar a vida e ajuda as outras eventuais terapias.
Com o destralhamento:
- A saúde melhora;
- A criatividade cresce;
- Os relacionamentos se aprimoram...

É  comum se sentir:
- cansado,
- deprimido,
- desanimado, em um ambiente cheio de entulho, pois "existem fios invisíveis que nos ligam à tudo aquilo que possuímos".

Outros possíveis efeitos do "acúmulo e da bagunça":
- sentir-se desorganizado;
- fracassado;
- limitado;
- aumento de peso;
- apegado ao passado...

No porão e no sótão, as tralhas viram sobrecarga;
Na entrada, restringem o fluxo da vida;
Empilhadas no chão, nos puxam para baixo;
Acima de nós, são dores de cabeça;
Sob a cama, poluem o sono.

-"Oito horas,  para trabalhar;
 Oito horas,  para descansar;  Oito horas,  para se cuidar."

Perguntinhas úteis na hora de destralhar-se:
- Por que estou guardando isso?
- Será que tem a ver comigo hoje ?
- O que vou sentir ao liberar isto?

...e vá fazendo pilhas separadas...
- Para doar!
- Para jogar fora!

Para destralhar mais:
- livre-se de barulhos,
- das luzes fortes,
- das cores berrantes,
- dos odores químicos,
- dos revestimentos sintéticos...
e também...
- libere mágoas,
- pare de fumar,
- diminua o uso da carne,
- termine projetos inacabados.

"Se deixas sair o que está em ti, o que deixas sair te salvará... 
Se não deixas sair o que está em ti, o que não deixas sair te destruirá",
"Acumular nos dá a sensação de permanência, apesar de a vida ser impermanente", diz a sabedoria oriental. 
O Ocidente resiste a essa idéia e, assim, perde contato com o sagrado instante presente.

Dona Francisca me conta que: "as frutas nascem azedas e no pé, vão ficando docinhas com o tempo"... a gente deveria de ser assim, ela diz.
-"Destralhar ajuda a adocicar."
Se os sábios concordam, quem sou eu para discordar...
      Texto: CS


Acho q sei quem é esse autor.
 É um arquiteto "alternativo". O sabetudo das eco-espirito-astral-arquiteturas.

Mas identifico-me mais com o outro texto.

E meu movimento criativo tem a ver com os objetos e os lugares de minha memória.
Tem a ver com os meus saberes, e definitivamente eles não me fazem mais pesada nem travada.

Somos diferentes. Pensamos diferente. Agimos diferente. "Guardamos" diferente.

Um bj,
Nina


Aí, A,

Leia o e-mail, q por sinal é muito bonito, mas q nesse contexto ficou parecendo uma lição de moral pra mim. 

Acho q ela ficou mais presa aos objetos q tenho na minha casa, do que no tema do texto que me inspirou: a atitude mental de "aproveitar tudo", não desperdiçar, na qual fomos criados, nós de nossa geralção, em contradição com o mundo descartável em que vivemos hoje.

Pra mim não resta dúvida q nossa geração é uma ponte entre o mundo conhecido e o mundo instantâneo, entre o mundo sólido e duradouro e o mundo instável.
Outro dia mesmo fiz um trocadilho com uma amiga no feicibuque com o fato de que não "ficávamos ficando" quando jovens.

Nossa geração procura assimilar esses 2 mundos, não é simplesmente entender, nós assimilamos mesmo, alteramos nosso modo de interagir com o mundo. Fomos criados ainda com resquícios do ambiente do seriado "Papai Sabe-Tudo". Pra nós esse ambiente não foi um passado longínquo, ele entranhou em nossa formação.
 E a partir de aproximadamente 1980, tudo começou a mudar muito rapidamente. E nós fomos absorvendo a mudança em nós mesmos. Vivemos os 2 modos de pensar. O cérebro dos de nossa idade funciona analógica e digitalmente.

Já nossos filhos são totalmente inseridos na era do tecno-virtu-digi-rápido. A figura q me vem à mente pra descrever nosso tempo atual não é nem movimento, é mudança. Vivemos numa contínua mudança.

Minha mãe é muito moderna e despachada, mas ela não foi totalmente solicitada a funcionar digitalmente, na contínua mudança. Ela usufrui desse mundo rápido, mas o modo de pensar dela é estável. Ela não é requisitada a bruscas reviravoltas mentais.

Não sei se estou me fazendo entender.
 Vamos imaginar o que é conhecer uma vitrola ou um aparelho de som para os que nasceram antes da década de 50.
 Vamos imaginar o que é conhecer um aparelho de som e um iphone e ipad para os que nasceram da metade do século 20 até meados da década de 70.
 E vamos imaginar o q é conhecer todos os aparelhos smartphones e ipads q vão surgindo a cada ano para os que estão na faixa dos 30 anos pra baixo.

Nesse exercício de imaginação notamos a sutileza (nada sutil) da forma pensante.
Nessa diferença da forma pensante é que reside toda a questão.
 A estrutura mental, como se pensa, como se vê, como se interage, como se age, enfim, tudo é diferente entre o antes e o depois do mundo tecno-descartável.
 E nós ficamos no meio. Nós pensamos, vemos, interagimos, agimos, das 2 formas.
 Essa é a questão.

É sobre isso q a crônica do cara, e a minha ponderação posterior, trata.

O guardar muito ou pouco objeto de recordação e coisas velhas é um detalhe.
 Eu guardo muito. Minha amiga pode guardar muito pouco, mas nós 2 sentimos essa mesma sensação de estarmos sempre sendo solicitadas a pensar das 2 formas, a estável e a instantânea, a duradoura e a descartável, a analógica e a eletrônica-nano-digital.

Nossos pais eram do tempo das ciências humanas e das exatas.

O tempo atual é o no qual a física e a química se misturaram, o mundo é relativo, instantâneo e descartável.

E nós, nós funcionamos com a dupla voltagem.

Bjs,
N







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